Como fazer estimativa de público em grandes eventos
Quanta gente compareceu ao megashow dos Rolling Stones na praia de Copacabana em 2008? De acordo com o que disseram os diversos meios de comunicação no dia seguinte, você pode responder 500 mil, ou até mesmo dois milhões de pessoas... Quantificar multidões é um desafio básico para quem lida com grandes eventos tanto depois, quanto antes de acontecerem.
ANTES: PLANEJAMENTO
Quanto mais precisa a estimativa de público, mais eficiente será o planejamento das medidas a serem tomadas por quem está à frente das mega-produções, que costumam reunir alta concentração de participantes. Além disso, é importante destacar que a avaliação correta do número de pessoas nestas aglomerações certamente evitará a manipulação de informações ou especulações indesejadas.
Com o objetivo de produzir uma padronização técnica da metodologia para gerar avaliações confiáveis, o Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres da Coordenação Geral do Sistema de Defesa Civil, órgão ligado a Secretaria de Governo da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, publicou uma Portaria aprovando a Instrução Técnica CEPD 001 – Estimativa do Quantitativo de Indivíduos em multidões.
A proposta é contribuir, da melhor forma, para o planejamento dos eventos que envolvam um grande número de pessoas e demandem estimativas de ocupação de área em função do público esperado. As técnicas requerem conhecimentos de cartografia e fotointerpretação. Atualmente há fotos aeroespaciais de boa resolução, disponíveis gratuitamente na internet. O Google Earth é um exemplo que pode ser útil, apesar de sua desatualização, para estudos da topografia da área e sua relação com a vizinhança.
DEPOIS: AVALIAÇÃO
A fotografia é um dos principais recursos para estabelecer o número de pessoas que participaram de um evento. Combinada com software de cartografia e informações de campo, a foto permite fazer estimativas precisas. Mas é preciso frisar que a fotografia para esse trabalho deverá ser de boa qualidade, com o mínimo de distorções possíveis. Para isso, será necessária nitidez (foco), contraste, iluminação adequada, objetiva adequada e, em máquinas digitais, uma boa resolução (quanto maior, melhor). Tanto as câmeras digitais quanto as analógicas disponíveis no mercado resolvem automaticamente o foco, a iluminação e o contraste, com bons resultados.
Cada tipo de foto tem o seu emprego. As verticais, cujo eixo ótico tem uma inclinação máxima de até três graus com a perpendicular ao plano solo, mantêm proporções e são apropriadas para a contagem de pessoas numa mancha, principalmente na determinação da densidade. Já as fotos oblíquas são mais acessíveis e podem definir limites da mancha com relativa precisão. A foto oblíqua baixa é utilizada para reconhecimentos locais, permitindo avaliar proporções e elevações. A alta serve para mostrar, em profundidade, o que se deseja registrar. No caso específico do registro da mancha formada por multidões, ela fornece informações referenciais que permitem localizar a mancha e seus diversos planos em profundidade.
A Instrução Técnica aponta dicas para o maior aproveitamento das fotos. Se for necessário cobrir uma área maior que aquela visível na parte central da foto, por exemplo, é recomendável tirar várias fotos com superposição de aproximadamente 50% e depois fazer a montagem como se fosse uma foto panorâmica. Para a montagem, basta cortar metade da área supersposta em cada uma das fotos. A publicação também aponta referências para montagem de escalas, que podem aumentar a precisão da contagem das pessoas na multidão. Entre essas referências são citadas: a largura de avenidas, ruas e calçadas e o comprimento de trechos de ruas entre quarteirões.
Seja qual for o método usado para estimar o quantitativo de pessoas, sempre deverá ser levada em consideração a relação entre a área da mancha e a taxa de ocupação da mesma. A dificuldade provavelmente estará em avaliar com precisão os parâmetros relativos à área delimitada pela projeção horizontal coberta pela multidão e os de densidade. A densidade pode ser estimada por observação “in loco” ou por fotointerpretação. Essa última técnica costuma levar a resultados mais precisos, além de ter a vantagem de gerar documentação incontestável.
A Instrução Técnica (IT CEPD 001) é ilustrada com exemplos de mega-eventos ocorridos nas grandes capitais do país, com fotos marcadas indicando o número de pessoas por metro quadrado, desenhos e figuras. Ela pode ser um instrumento de grande utilidade para quem planeja uma produção e busca precisão na estimativa de público.
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